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  • Foto do escritorMarcelo Smeets

Escrever é trabalhoso. Não é mesmo, Ernest?


"O mais importante é saber o que deixar de fora."

Paira no imaginário coletivo a ideia romântica de que os escritores simplesmente se sentam diante de seus computadores e começam a digitar com fluência, vendo surgir na tela página após página um maravilhoso romance. Isso é algo bem longe da realidade. Para compreender um pouco como é o trabalho de escrever um romance, vejamos as palavras do escritor americano Ernest Hemingway (1899-1961), autor de romances de sucesso como O velho e o mar (meu preferido), Adeus às armas e Por quem os sinos dobram, dentre outros, sobre como escrever é trabalhoso e requer muita revisão.


A coisa mais importante que eu aprendi sobre escrever é nunca escrever muito de uma só vez. Nunca esgote a si mesmo. Deixe algo para o dia seguinte. O principal é saber quando parar. Não espere até se acabar de escrever. Quando você está indo bem e chegando a um ponto interessante e sabe o que vai acontecer a seguir, essa é a hora de parar. Então largue tudo e não pense mais nisso; deixe o seu subconsciente fazer o trabalho.


Na manhã seguinte, depois de ter tido uma boa noite de sono e estiver se sentindo renovado, reescreva o que você escreveu no dia anterior. Quando você chegar a um ponto interessante e sabe o que vai acontecer depois, siga em frente e pare no próximo ponto interessante. Desse modo, quando percorrer seu material, ele estará cheio de pontos interessantes e, quando você escreve um romance, jamais ficará travado e o fará atraente enquanto prossegue. A cada dia você retorna ao início e reescreve tudo e, quando ficar longo demais, leia ao menos dois ou três capítulos antes de começar a escrever, e, ao menos uma vez por semana, volte ao início. Desse modo você o tornará uma única peça. E quando você estiver seguindo por ele, corte tudo o que puder. O mais importante é saber o que deixar de fora. A maneira de saber se você está indo bem é pelo que você pode jogar fora. Se você pode retirar algo que seria um grande ponto interessante na história de outra pessoa qualquer, você sabe que está indo bem.


"O primeiro esboço de qualquer coisa é uma merda."

Não se sinta desencorajado por haver um monte de trabalho mecânico a ser feito ao escrever. Há sim, e não dá para fugir disso. Eu reescrevi A farewell to arms [Adeus às armas] pelo menos cinquenta vezes. Você precisa trabalhar nisso. O primeiro esboço de qualquer coisa é uma merda. (...) Você simplesmente tem um trabalho duro, e quanto melhor você escrever, mais duro ele se tornará, porque cada história tem de ser melhor do que a última. É o trabalho mais difícil que há. Eu gosto de fazer e sei fazer muitas coisas melhor do que eu escrevo, mas quando não escrevo eu me sinto uma merda. Eu tenho talento e sinto que o estou desperdiçando.

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