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  • Foto do escritorMarcelo Smeets

Eco eternizado


“Acho que um escritor deveria escrever o que o leitor não espera.”

Quando li o livro O nome da rosa pela primeira vez fiquei fascinado. Isso aconteceu há algumas décadas, mas algo já me dizia que Umberto Eco (1932 - 2016) seria meu autor preferido por toda a minha vida. Ele tem extremo cuidado com o texto, que é riquíssimo em detalhes, entrelaçado a acuidade histórica e moldado em um enredo que cativa e empolga.


Com o passar dos anos seguiram-se as deliciosas leituras de Baudolino, O pêndulo de Foucault, A misteriosa chama da rainha Loana, O cemitério de Praga e Número zero. Além de seus romances cresci culturalmente com a publicação Em que creem os que não creem, que reúne cartas que Eco trocou com o cardeal italiano Carlo Maria Martini abordando questões éticas, religiosas e sociais pelas visões teísta e ateísta; e com Quase a mesma coisa, obra na qual ele trata de experiências suas como teórico da tradução, revisor de traduções e autor traduzido.


Além de escrever com maestria, Eco foi filósofo, professor, semiólogo, linguista, bibliófilo, especialista em estética medieval, comunicação de massa e ensaísta de vários jornais e revistas. Ele produziu intensamente e com qualidade. Beneficiou o mundo ocidental com escritos acadêmicos e obras que ajudaram a compreender a história e o que hoje é a sociedade do ocidente. O autor italiano transitava entre teorias semióticas e novelas assistidas por donas de casa no período da tarde. Ele se preocupava em conhecer como as pessoas se comunicavam, entendiam a si mesmas e a sociedade em que viviam.


“Quem não lê, aos 70 anos terá vivido só uma vida. Quem lê terá vivido 5 mil anos. A leitura é uma imortalidade de trás para frente.”

O que me serve de inspiração em Umberto Eco é seu precioso cuidado com o texto, sua caraterística de conhecer profundamente o assunto que aborda, e escrever de modo envolvente e claro. O mestre italiano foi um “fora de série”, um gênio, e por isso ocupa a posição de mestre para os que lidam com o mundo das palavras. Do mesmo modo, sua vida motiva qualquer pessoa a exercer qualquer tarefa com dedicação e excelência. Obrigado, mestre Eco, eternizado na história.

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